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Ibovespa tem dia pessimista apesar de 'Superquarta' previsível

30 de Janeiro de 2025
Escrito por: Valor Investe

De super, só a quarta-feira mesmo. O pregão não merece o prefixo. Pelo contrário. O Ibovespa fechou em queda num dia de baixa liquidez e de decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

 

  • O índice recuou 0,47%, perdendo o patamar dos 124 mil pontos conquistados no início da semana.
  • Já o dólar ficou próximo à estabilidade, oitava sessão seguidas em queda. A moeda americana caiu 0,06%, cotada a R$ 5,865.

    Na entrevista após divulgação, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o comitê enxerga espaço para pelo menos dois cortes de juros em 2025, como foi sinalizado em dezembro, e afirmou que o Fed buscará uma inflação de 2%, indicando que não há pressa para retomar o corte de taxas.

    Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o Fed adotou um tom mais duro que o esperado. Ele destaca que o colegiado americano retirou o trecho em que afirmava que a inflação progredia em direção à meta. Outro ponto relevante, segundo ele, é que a autoridade afirma que a taxa de desemprego estabilizou em nível baixo e que o mercado de trabalho segue sólido. "De concreto, o Fed deve pausar o ciclo de juros até o segundo trimestre de 2025, pelo menos".

    Essa foi a primeira reunião da nova era Trump, portanto, o Fed tem novos desafios à frente, como as medidas anunciadas e propostas pelo presidente (como a taxação de produtos e a deportação de imigrantes), que têm o potencial de trazer mais inflação. Tudo isso pode mexer com os planos do Fed no curto prazo, que já se disse atento aos possíveis desdobramentos de algumas dessas ações do governo. No entanto, o presidente da autarquia evitou comentar as medidas de Trump.

    Mas o que deve mudar na era Trump?

     

    No curto prazo, o aumento dos preços dos bens importados elevará a demanda por bens produzidos nos EUA, pressionando os preços. No médio prazo, essas medidas podem aumentar os custos de importação, que serão repassados aos consumidores, gerando pressão inflacionária. Consequentemente, esse cenário limitaria a queda das taxas de juros no médio e longo prazo.

    Além disso, barreiras comerciais impostas pelos EUA podem levar outros países a retaliarem, ampliando as tensões no comércio internacional, resultando em problemas nas cadeias produtivas e custos maiores. Trump afirmou publicamente que considera possível um acordo com a China, o que foi interpretado pelos mercados como um passo importante para evitar uma guerra comercial prolongada.

    "Importante ressaltar que a adoção e execução desse plano é incerto. Haverá negociações e muita discussão. Logo, o Fed deve manter a postura técnica e esperar a evolução da economia norte-americana para tomada de decisão, sem se precipitar, a fim de manter a sua credibilidade", destaca o economista-chefe Suno Reserach, Gustavo Sung.

     

    No Brasil,

     

    A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) também já está dada como certa: o colegiado deve aumentar a taxa básica de juros em um ponto percentual, levando a Selic a 13,25% na primeira reunião da gestão Gabriel Galípolo.

    Já na reunião anterior o BC anunciou que mais dois aumentos de um ponto percentual aconteceriam. Na ata desse encontro, a mensagem foi reforçada e a autoridade monetária deixou claro que a decisão de antecipar as duas altas foi unânime.

    Agora, apesar da pouca surpresa que o mercado deve ter, o que fica em evidência é o comunicado.

    O economista da Nova Futura Investimentos avalia que o Copom deverá optar por manter uma mensagem dura sobre a política monetária, optando por manter a sinalização futura de mais um ponto percentual de alta para as duas próximas reuniões. "Mantemos nossa expectativa da taxa Selic de 15,25% ao ano ao final do ciclo".

    Ao longo dos próximos meses, principalmente após a reunião de março em que as decisões de política monetária não terão mais influência da gestão anterior, o BC estará diante de um dilema: promover a convergência da inflação e a ancoragem das expectativas ou forçar uma desaceleração da economia às vésperas de uma corrida presidencial. As atenções de todos os investidores estarão voltadas para qual escolha será feita por Galípolo.

     

    E como o assunto do dia é juros...

     

    As taxas em contratos futuros de juros sofreram ajustes mínimos depois de muito sobe e desce durante a sessão.

     

    • A Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saiu de 15,13% para 15,18% ao ano. Prêmios em contratos de curto prazo estão mais ligados às expectativas dos investidores para a Selic.
    • No médio prazo, os retornos da taxa para janeiro de 2029 oscilaram de 15,06% para 15,11% ao ano.
    • Já para janeiro de 2036, a taxa ficou em 15,80%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior preocupação com calote do governo.

     

    Enquanto roía as unhas na expectativa pelos comunicados, investidores viram os pesos-pesados ligados às commodities dominar o pregão.

     

    A começar pela Vale, que divulgou o desempenho operacional do quarto trimestre ontem à noite e viu as ações avançarem à medida em que os bancos divulgaram seus relatórios com perspectivas mais positivas.

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