Novas quedas dos juros básicos — que estão no mínimo histórico, em 6,5% — não estão descartadas. Como as previsões de inflação estão baixas, o Banco Central deve acompanhar a tendência de alta de preços para definir os próximos passos da sua política. Durante uma entrevista coletiva, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, reforçou que os riscos de a inflação voltar a subir estão menores, mas frisou que ainda são relevantes. Os principais perigos são o cenário externo e o Congresso Nacional não aprovar a reforma da previdência.
No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, o BC retirou do texto um trecho que dizia que, se a situação piorasse, haveria uma alta gradual dos juros. Isso foi entendido pelo mercado financeiro que voltava ao radar do Banco Central a possibilidade de uma queda adicional de juros.
Ilan não se comprometeu com novas quedas da taxa Selic, que está no mesmo patamar desde março Disse que o fato de ter tirado do comunicado que a indicação de que o Banco Central voltaria a aumentar juros reflete a mudança nos riscos para a inflação. Além da pressão de alta de preços ter diminuído após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (com uma visão mais liberal da economia), aumentaram as chances de a inflação cair por causa da recuperação lenta da economia.
"A gente tinha comentado que se as coisas piorassem, a gente ia retirar de forma gradual. De fato, a retirada (do trecho no texto) ocorreu. Não foi um acidente. Não foi a gente que esqueceu. Foi um fato" — afirmou o presidente. — "De fato, a nossa assimetria caiu. Diminui. Está correto isso. O fato é que essa dedução é correta."
No entanto, Ilan frisou que não há uma definição do que será feito daqui para frente. "A gente mantém a nossa frase de cautela, serenidade e perseverança. Temos de olhar a tendência e não podemos ser levados pelo cenário voláteis de uma queda de momento. temos de olhar a tendência."
Ilan falou sobre a tendência quando foi questionado sobre os impactos da greve dos caminhoneiros, que paralisou o país. Na época, o Banco Central não sabia qual seria o efeito tanto no crescimento quanto nos preços. A aposta geral no mercado financeiro era que o efeito seria sentido na inflação. Ele frisou, entretanto, que a autarquia não pode "embarcar" em cenários voláteis.
Citou como exemplo de mudanças de horizonte a queda brutal da perspectiva para a inflação deste ano. No relatório trimestral de setembro, a projeção era de alta de 4,4% e, agora, está em 3,7%. "São mudanças bastante voláteis. Temos de ter cautela, serenidade e perseverança" — repetiu. ▼
Foto: Bruno Rocha/Fotoarena / Agência O Globo / Agência O Globo
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